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4 de abr. de 2010

Desabafo de um Designer


Já tinha recebido esse texto por e-mail, logo que eu comecei a cursar Design Gráfico e acabou ficando de canto, numa pasta de possíveis assuntos para o blog.
Achei que essa seria a hora de publicá-lo, porque não faz nem uma semana que me pediram pra fazer uns desenhos de graça...
Não sou contra fazer um de vez em quando, desde que a pessoa entenda que isso É um trabalho e não uma diversão, como acham que é.
Me irrita profundamente ouvir um "Faz aí um desenho pra mim!", ainda mais quando emendam em seguida um "Pô, cê não tá fazendo nada agora, faz aí rapidinho."!

Eu sempre falo nesses casos: "Quando você encontra um pedreiro na rua, você  costuma pedir pra ele - 'Faz uma casa aí pra mim. Rápido e de graça, tá?', não né?"

Como eu não achei o texto que estava linkado no e-mail que me mandaram, aproveitei pra pesquisar na internet e "garfei" ele de um outro blog, chamado Tudibão e trouxe pra cá. Aliás, blog bem legal pra matar a curiosidade de muito designer. Taí a dica!


Bom, vamos ao incrível texto do ilustrador e designer Morandini, que explica bem o que é ser designer e ter que ouvir certas besteiras.

“Não me peça para dar a única coisa que eu tenho para vender” (Cacilda Becker)

Nós, designers, (bota aí também os ilustradores e artistas) adoramos o que fazemos. Ninguém entra nessa área sem ter, no mínimo, muita paixão pelo que faz.
Nesses quase 23 anos de atuação profissional através do meu próprio estúdio, perdi a conta de quantos clientes, amigos e desconhecidos(!) me pediram logotipos, ilustrações, artes, ‘desenhinhos’ ou ‘pequenos favores’ de graça. A maioria foi delicadamente recusada mas, confesso aqui publicamente meus pecados: já atendi alguns desses pedidos… Tá legal, vou falar a verdade… Já atendi VÁRIOS desses pedidos! (tenho culpa de ter muitos ‘amigos’?
Mas também tenho de dizer que, depois de longo ‘tratamento’ :) já estou quase curado dessa incômoda patologia!
E, não estou falando de filantropia, pois quando identifico trabalhos sociais bem intencionados, faço questão de atender e ajudar. Falo de pedidos sem remuneração, feitos para atender necessidades pessoais, comerciais e corporativas. Coisa que vai gerar retorno, seja de imagem, de público ou até mesmo financeiro.
Ao longo desses anos, esses pedidos assumiram as mais variadas formas e vieram disfarçados sob os mais diversos argumentos. Seguem os mais comuns:
  • Não precisa ter pressa… Quando você tiver cinco minutinhos sobrando você faz…
  • No momento a grana está curta, mas assim que der retorno a gente acerta!
  • Faça esse trabalho de graça e no próximo eu nem pergunto o preço!
  • Pagar eu não posso, mas vou divulgar seu nome para todo mundo!
  • Você poderá divulgar seu nome junto com o desenho ou colocar sua assinatura na arte!
  • Isso pra você é moleza…
  • Tenho um amigo que faz de graça mas quero dar a oportunidade para você!
  • É uma parceria: você faz de graça agora e ganha lá na frente!
  • Faça uns esboços. Se eu gostar a gente acerta um preço.
  • Não precisa ser nada muito caprichado…
  • Faz aí depois a gente acerta!
  • Ah, mas isso é diversão para você! Você faz brincando!
Todas essas frases e pedidos me levam a acreditar que essas pessoas que pedem coisas de graça acham que:
  • Eu não me alimento, não tenho contas para pagar e meu carro é abastecido com ar.
  • Meus softwares são de graça e recebo meus computadores e equipamentos como doação.
  • Minha conexão de internet é feita através de telepatia.
  • Eu desenho por diversão, crio logotipos por prazer e projeto coisas apenas para ocupar o tempo.
  • As idéias nascem na cabeça por geração espontânea.
  • O Governo não me cobra impostos.
  • Acho livros e material de pesquisa na rua (além de não me cobrarem ingressos em exposições e eventos).
  • Recebi uma herança (grana pra nunca mais ter de trabalhar!) e resolvi virar uma espécie de ‘Madre Tereza de Calcutá’ do design e da arte, fazendo apenas caridade…
  • Meus fornecedores mandam um enorme carregamento de tintas, pincéis e telas todos os meses (de graça!!!) para o estúdio.
  • Meu dentista, meu contador, minha faxineira e todos aqueles que prestam serviços para mim, trabalham por prazer, sem cobrar um centavo!
No ‘mundo real’, porém, a matéria prima do meu trabalho é uma equação muito bem balanceada. Ela é composta de TEMPO (um bem muito precioso!), IDÉIAS (fruto de mais de 30 anos de estudo e uma vida inteira de experiências), PROFISSIONALISMO (coisa rara nos tempos atuais) e CONHECIMENTO (resultado de todos os trabalhos feitos até hoje e de MUITA pesquisa).
Isso tudo tem um valor. O valor que, quando é pago, reverte em benefícios enormes para quem me contrata, gerando muito retorno institucional e financeiro.
Design e arte não são caros. A forma com que se investe neles (pagando por eles) é diretamente proporcional ao grau de seriedade que uma pessoa tem em relação ao seu empreendimento, seu pequeno negócio e sua própria imagem.

(Copyright – Morandini 2008)

Fique agora com um vídeo que "ilustra" bem isso tudo!




2 comentários:

  1. Adorei!! Esse textinho e vídeo refletem muito o que nós designers passamos! Mega indico este post e retwitto é claro!! Beijão.

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  2. Valeu, Droppa!
    Brigado pela visita. Um bjão!

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