Não se trata de mais um "What If..?" da Marvel, não.
O roteirista Vagner Francisco levantou algumas questões de como seria se houvesse investimentos na área de quadrinhos no Brasil e postou lá em seu blog, o PLANO B. Não costumo fazer isso, mas o texto é muito bom e merece ser repartido com todos os quadrinistas que às vezes aportam por aqui.
Leiam e se encaminhem diretamente ao blog dele para deixar suas considerações, ou então deixem suas impressões por aqui mesmo que depois eu passo o recado!
Vamos ao texto:
"Você alguma vez parou para pensar no que aconteceria se alguma editora decidisse apostar num mercado de quadrinhos sólido no Brasil?
Afinal de contas, mão de obra especializada nós temos. Só faltam investimentos.
Em meados de 2001, a Editora Escala lançou o selo Graphic Talents, ao qual premiava os artistas escolhidos [após envio de material - cinco páginas de quadrinhos, coloridas, juntamente com proposta de capa e sinopse] com uma edição do selo.
Caso a edição vendesse bem, a possibilidade do oneshot se tornar revista mensal era grande.
De fato, o personagem escolhido para a estreia, Mico Legal, conseguiu esse feito. Após boas vendas do oneshot, Mico teve sobrevida por, infelizmente, apenas três edições. Mas foi um bom consolo.
Clique aqui e leia uma divulgação do lançamento do selo. Aqui, você verá a maioria das capas das edições do Graphic Talents. E aqui, o anúncio da suspensão da série.
Porém...
E se algo do gênero, mas com maior divlgação [uma das críticas a respeito do Graphic Talents era essa], maior poder de investimento e uma expecativa de sucesso a médio [ou longo] prazo, acontecesse agora?
E não apenas oneshots, mas minisséries, grahic novels, álbuns, e séries mensais.
As bancas, livrarias e comic stores começariam a receber uma considerável carga de revistas brasileiras todas as semanas.
Qual seria a sua opinião?
E você que cria e/ou sonha produzir HQs de forma profissional, se entusiasmaria ou nada disso mudaria suas expectativas?
Sendo mais incisivo, você trocaria o emprego que tem hoje para trabalhar com histórias em quadrinhos no Brasil?
Afinal de contas, hoje nós trabalhamos ou etudamos [ou ambos], nos atualizamos, fazemos cursos técnicos ou especializados, cuidamos da família, e ainda precisamos ter fôlego [e temos!] para bolar histórias que façam nosso público nos ler.
Mas uma "linha-de-produção" em quadrinhos, aqui, no Brasil, mudaria praticamente tudo.
Poderíamos trabalhar com o que gostamos de fazer e nos restaria tempo para todas as outras prioridades.
Mas a pergunta que eu insisto em fazer, é: você tem interesse nisso?
É como aquela piada em que um amigo pergunta ao outro: "você faria sexo por dinheiro?" e o segundo responde: "ora, se eu trabalho por dinheiro, acha que não faria sexo?"
Trocando o sexo pelos quadrinhos [na piada, entenda bem, na piada!] você toparia ou preferia se manter do jeito que está?
Às vezes essa dúvida me bate pelo seguinte: quando fazemos quadrinhos da forma que estamos fazendo - e aqui eu retiro todos aqueles que trabalham profissionalmente com isso - tudo é meio fácil. Porque a gente faz conforme dá, quando temos tempo e quando uma boa ideia aparece.
Mas e se precisarmos transformar tudo isso em rotina? Será que o artista brasileiro aguentaria o baque?
Sabe, todo santo mês entregar roteiros ou páginas e mais páginas, num ritmo frenético de produção porque os prazos são apertados e os leitores não podem esperar?
Era isso que eu gostaria de saber.
Aguardo suas considerações, ok?"
E então? O que você acha?
Eu só tenho uma coisa pra falar, parafraseando o título de um filme: "Pagando bem, que mal tem?"