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Action Comics nº 900 chegou ontem às comicshops estadunidenses, mas muitos leitores de lá podem não gostar do que estão prestes a ler, pois nesta edição Superman deixa de defender o “modo de vida americano”.
Em “The Incident” [O Incidente], história escrita por David Goyer, roteirista do filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, o herói se vê em meio a uma questão política com a qual os EUA está de fato envolvido no mundo real: a oposição ao Irã. A questão é retratada de maneira tão explícita que a DC não se preocupou em disfarçar nomes como Irã, Teerã e do próprio presidente Ahmadinejad.
A situação começa quando Superman, ao proteger cidadãos que se manifestam pacificamente em Teerã contra as opressões do governo iraniano, causa um incidente internacional envolvendo os EUA e o Irã e vê-se obrigado a se opor aos oficiais estadunidenses. Neste ponto herói decide romper com o país que o acolheu, como pode ser visto na imagem abaixo.
Aos que não estão com o inglês afiado segue a tradução do diálogo:
Superman: … por isso amanhã pretendo falar perante às Nações Unidas e informar que estou renunciando minha cidadania estadunidense.
Agente: O quê?
Superman: Estou cansado de ter minhas ações interpretadas como instrumento da política estadunidense. “Verdade, justiça e o modo americano” não é mais o suficiente. O mundo é muito pequeno. Muito conectado.
A decisão do Superman, isto é, da DC, talvez gere bastante polêmica visto que uma mudança muito menor que esta, a alteração do uniforme da Mulher Maravilha – agora sem as estrelas – foi fonte de uma matéria da Fox News criticando a retirada do bandeira dos EUA do traje de Diana.
O mais curioso, porém, é que há meses o Superman está empenhado em resgatar suas origens estadunidenses no arco “Grounded” escrito por J. M. Straczynski, no qual limitou-se a caminhar – e não voar – pelos EUA como um homem normal. Esse resgate e o posterior rompimento de laços do Superman com os EUA terá sido planejado ou os eventos de Action Comics nº 900 foram uma reação a baixa receptividade do arco de Straczynski?
Enfim, seja como for nunca vi com bons olhos a política imperialista e o comportamento belicoso dos EUA, de modo que nunca tive grandes paixões por aquele país. Muito pelo contrário. No entanto, todos os super- heróis que gosto foram criados lá e alguns trazem os ideais estadunidenses impregnados, sendo que talvez os maiores defensores dos valores estadunidenses sejam o Capitão América e, claro, Superman. Para ler suas histórias demandava um pequeno esforço em enxergar somente as ações destes herói e não os valores do país que eles representam.
Como cidadão não-estadunidense eu me sentia um pouco chateado ao ver um dos meus heróis preferidos servindo a um país que age de maneira que não considero a correta. Mas, agora não preciso mais abstrair o fato dele ser estadunidense, pois não é mais. Agora o Super defende tanto os meus e os seus direitos quando os de todo o mundo. Ele não defende mais o “modo de vida americano” e sim o direito a vida digna para todos.
Escrito por Doctor Doctor.
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