Pergunte à: Estevão Ribeiro
Criador do personagem Tristão e autor do álbum "Pequenos Heróis", que é uma homenagem aos super-heróis da DC Comics, o escritor capixaba agora “ataca” de cartunista em seu mais recente sucesso, Os Passarinhos, e produz tiras bem legais que contam o cotidiano de dois pássaros alaprados!
Conversamos com ele pra saber como é seu processo para fazer as tiras e outras cositas más! Se você achou que a entrevista foi legal, não deixe de comentar ou passar para seus amigos pelo Twitter.
1) De onde veio a idéia de fazer os Pássaros? Foi por acaso baseado no Twitter?
Estevão: Os Passarinhos foram criados enquanto eu esperava para uma reunião de roteiro num estúdio de animação. Enquanto eu esperava os produtores, rabisquei num papel o Hector, o personagem menor, tentando fazer um passarinho mais simples possível. Depois, vi se conseguiria fazer outro personagem para acompanhá-lo numa piada, só consegui pensar numa arara, num formato “reconhecível” para as pessoas. O design do Twitter influenciou pela sua simplicidade, pois anteriormente eu tinha produzido um espaço no Twitpic um passarinho do Twitter desenhando, então sim, os passarinhos tem como exemplo a simplicidade do design do Twitter.
2) Vc é muito conhecido como roteirista. Como é que foi assumir o controle da caneta nas tiras?
Estevão: Eu não diria “muito” conhecido, mas eu prefiro trabalhar com textos. Esse trabalho é praticamente um exercício iniciado em “Enquanto Ele Estava Morto...”, o meu primeiro romance, primeiro trabalho autoral que eu ilustro. Geralmente eu trabalho em parceria, mas o livro, por falar de mim e da minha família, achei que as ilustrações deviam ser de minha autoria. Com Os Passarinhos também penso assim. Só pra registrar: trabalhei na Editoria de Arte do jornal A Tribuna (ES) por quase cinco anos, então... mas não gosto do meu traço. Com Hector e Afonso acho que casou certo.
3) Como é a produção dessas tiras. Você as roteiriza antes de desenhar?
Estevão: Sim, geralmente roteirizo as tiras. Atualmente estou com uma frente de dez tiras roteirizadas em relação ao desenho. Quando tenho uma idéia eu a coloco na “fila de espera” e vou ilustrando de acordo com a disponibilidade de tempo. Geralmente ilustro duas por dia, além de fazer vez ou outra uma ilustração avulsa, para acostumar com o traço do personagem. O roteiro é simples, como o cenário quase não muda, eu descrevo quem estará no primeiro quadro, o tipo de enquadramento e a fala. Faço isso nos outros quadros, que geralmente variam entre um a cinco, sendo mais comum tiras de quatro quadros.
Exemplo: Tira 013
Hector apresenta a mala para Afonso.
Hector: Finalmente achei a mala de detetive do meu pai!
Afonso: Ah, O “mestre dos difarces”?
Hector metendo a cara na mala. Afonso observa.
Hector: Você vai tirar essa ponta de sorriso do rosto quando me vir em ação!
Hector de óculos, nariz, bigode e chapéu. Afonso observa.
Hector: Então, o que me diz?
Afonso com sorriso sacana para Hector.
Afonso: Sei lá, me deu vontade de comer batatas...
Cada ação (ou descrição) é um quadro, para evitar uma formalização excessiva. Como as descrições são simples, é perda de tempo escrever Quadro 1, Quadro 2, 3... talvez apenas um número na frente seja o bastante, mas eu me entendo bem assim.
4) Vc pensou num público-alvo para essas tiras?
Pensei em escrever algo “acessível” para a maioria das pessoas que gostam das tiras do Garfield, Snoopy, Dilbert, Mafalda... É o que chamamos de “tira universal”. Tentar fazer uma tira que não seja datada, porque se você a coloca fora do contexto, fora da época em que foi concebida, o sentido pode se perder.
Acredito que a Mafalda seja uma das exceções. Quino conseguiu fazer tiras explicando a situação do mundo e da Argentina de uma forma que, ainda hoje, você consegue ler e achar graça, mesmo se você não entender o contexto. Às vezes perde-se a crítica, mas conserva-se o humor.
5) Qual é a mensagem que vc espera passar nas tiras?
A tira é um convite à reflexão da amizade e do comportamento. Tento fazer com que pássaros vivam situações humanas e, dependendo da situação, os faço responder como simples pássaros e às vezes os faço responder como complexos seres humanos. Mesmo assim, é um convite bem-humorado aos dissabores da vida.
6) Por acaso existe a possibilidade dos pássaros serem auto-biograficos? Vc se inspira no seu cotidiano para criar algumas situações?
Sim, muito até. Tento não ser tão autobiográfico, às vezes escrevo coisas que penso fazer sentido só para mim, mas quando mostro a um ou outro, vejo que não falo apenas de mim falo de gente comum. Procuro em mim uma forma de chegar às pessoas.
7) O q vc recomenda então, praqueles que tem interesse em fazer tiras?
Primeiro, pense que, apesar de ser um trabalho artístico, é um trabalho! É uma rotina que deverá ser seguida até mesmo nos dias em que você não estiver a fim de escrever ou desenhar. As idéias existem aos montes, estilos de personagens, também.
Existem pessoas que trabalham com assuntos. A tira tem um nome genérico, como “A Vida É Bela” e faz tiras sobre isso. É interessante porque quase todo tipo de assunto cabe nas tiras. Mas se você criar um personagem, existe aí uma restrição de assunto e comportamento. Quando escolher por um ou outro, terá que levar em consideração se conseguira escrever sobre o mesmo assunto ou personagem por muito tempo.
Milsom Henriques trabalha com a personagem Marly há mais de vinte anos no jornal A GAZETA(ES). Todos os dias sai uma tira da solteirona tentando arrumar um namorado. Ele já inventou artifícios como um papagaio, um cão, colocou personagens... e assim mantém o mesmo tema, o mesmo personagem.
8) Em poucos dias de existência dos Pássaros, eles passaram para um patamar muito maior agora que serão publicados na revista MAD. Como é receber essa notícia?
Foi gratificante, pois assim que eu escrevi as primeiras tiras dos personagens, pensei na MAD. Esperei juntar 18 tiras e mandei para o editor Raphael Fernandes. Eu já tinha escrito mais outras dez, então, me sentia confiante para mostrar o trabalho. O primeiro contato foi uma negativa, dizendo que não se interessavam por trabalhos seriados, uma tira esporádica. Mas eu já pensava em distribuição de tiras em páginas inteiras, então criei alguns assuntos que se estendem por mais de duas tiras, criando assim, uma página de quadrinhos fechada. Ofereci novamente o trabalho, desta vez com uma resposta positiva. Inclusive, precisaram da página para aquele dia mesmo, então, eu a colorizei e editei e no mesmo dia estava encaminhada para a diagramação.
9) Dá um frio na barriga por saber que agora a produção de tiras provavelmente terá q aumentar?
Bem, dá sim, mas quando eu me propus a produzir Os Passarinhos, eu esperava desenhar feito um louco, pelo menos no primeiro ano. Me sinto preparado para isso, vejo isso como um modo de vida e uma grande aposta, como todos os projetos que toco paralelamente.
10) Vc gostaria de deixar alguma mensagem, recado, jabá, etc?
Claro! Primeiro, obrigado a todos que acompanham meus projetos. Seja o “Pequenos Heróis”, o personagem Tristão, e meu recente romance, à venda nas livrarias HQMIX e Comix (em São Paulo), na Leonardo da Vinci (no Rio de Janeiro) e na livraria Logos (no Espírito Santo). Não deixem de conferir os meus projetos em http://euriomuito.wordpress.com e acompanhem Os Passarinhos.
Hector: Finalmente achei a mala de detetive do meu pai!
Afonso: Ah, O “mestre dos difarces”?
Hector metendo a cara na mala. Afonso observa.
Hector: Você vai tirar essa ponta de sorriso do rosto quando me vir em ação!
Hector de óculos, nariz, bigode e chapéu. Afonso observa.
Hector: Então, o que me diz?
Afonso com sorriso sacana para Hector.
Afonso: Sei lá, me deu vontade de comer batatas...
Cada ação (ou descrição) é um quadro, para evitar uma formalização excessiva. Como as descrições são simples, é perda de tempo escrever Quadro 1, Quadro 2, 3... talvez apenas um número na frente seja o bastante, mas eu me entendo bem assim.
4) Vc pensou num público-alvo para essas tiras?
Pensei em escrever algo “acessível” para a maioria das pessoas que gostam das tiras do Garfield, Snoopy, Dilbert, Mafalda... É o que chamamos de “tira universal”. Tentar fazer uma tira que não seja datada, porque se você a coloca fora do contexto, fora da época em que foi concebida, o sentido pode se perder.
Acredito que a Mafalda seja uma das exceções. Quino conseguiu fazer tiras explicando a situação do mundo e da Argentina de uma forma que, ainda hoje, você consegue ler e achar graça, mesmo se você não entender o contexto. Às vezes perde-se a crítica, mas conserva-se o humor.
5) Qual é a mensagem que vc espera passar nas tiras?
A tira é um convite à reflexão da amizade e do comportamento. Tento fazer com que pássaros vivam situações humanas e, dependendo da situação, os faço responder como simples pássaros e às vezes os faço responder como complexos seres humanos. Mesmo assim, é um convite bem-humorado aos dissabores da vida.
6) Por acaso existe a possibilidade dos pássaros serem auto-biograficos? Vc se inspira no seu cotidiano para criar algumas situações?
Sim, muito até. Tento não ser tão autobiográfico, às vezes escrevo coisas que penso fazer sentido só para mim, mas quando mostro a um ou outro, vejo que não falo apenas de mim falo de gente comum. Procuro em mim uma forma de chegar às pessoas.
7) O q vc recomenda então, praqueles que tem interesse em fazer tiras?
Primeiro, pense que, apesar de ser um trabalho artístico, é um trabalho! É uma rotina que deverá ser seguida até mesmo nos dias em que você não estiver a fim de escrever ou desenhar. As idéias existem aos montes, estilos de personagens, também.
Existem pessoas que trabalham com assuntos. A tira tem um nome genérico, como “A Vida É Bela” e faz tiras sobre isso. É interessante porque quase todo tipo de assunto cabe nas tiras. Mas se você criar um personagem, existe aí uma restrição de assunto e comportamento. Quando escolher por um ou outro, terá que levar em consideração se conseguira escrever sobre o mesmo assunto ou personagem por muito tempo.
Milsom Henriques trabalha com a personagem Marly há mais de vinte anos no jornal A GAZETA(ES). Todos os dias sai uma tira da solteirona tentando arrumar um namorado. Ele já inventou artifícios como um papagaio, um cão, colocou personagens... e assim mantém o mesmo tema, o mesmo personagem.
8) Em poucos dias de existência dos Pássaros, eles passaram para um patamar muito maior agora que serão publicados na revista MAD. Como é receber essa notícia?
Foi gratificante, pois assim que eu escrevi as primeiras tiras dos personagens, pensei na MAD. Esperei juntar 18 tiras e mandei para o editor Raphael Fernandes. Eu já tinha escrito mais outras dez, então, me sentia confiante para mostrar o trabalho. O primeiro contato foi uma negativa, dizendo que não se interessavam por trabalhos seriados, uma tira esporádica. Mas eu já pensava em distribuição de tiras em páginas inteiras, então criei alguns assuntos que se estendem por mais de duas tiras, criando assim, uma página de quadrinhos fechada. Ofereci novamente o trabalho, desta vez com uma resposta positiva. Inclusive, precisaram da página para aquele dia mesmo, então, eu a colorizei e editei e no mesmo dia estava encaminhada para a diagramação.
9) Dá um frio na barriga por saber que agora a produção de tiras provavelmente terá q aumentar?
Bem, dá sim, mas quando eu me propus a produzir Os Passarinhos, eu esperava desenhar feito um louco, pelo menos no primeiro ano. Me sinto preparado para isso, vejo isso como um modo de vida e uma grande aposta, como todos os projetos que toco paralelamente.
10) Vc gostaria de deixar alguma mensagem, recado, jabá, etc?
Claro! Primeiro, obrigado a todos que acompanham meus projetos. Seja o “Pequenos Heróis”, o personagem Tristão, e meu recente romance, à venda nas livrarias HQMIX e Comix (em São Paulo), na Leonardo da Vinci (no Rio de Janeiro) e na livraria Logos (no Espírito Santo). Não deixem de conferir os meus projetos em http://euriomuito.wordpress.com e acompanhem Os Passarinhos.
É isso aí, galera!
Não deixem de acompanhar essa série de entrevistas com os grandes autores da internet.
Semana que vem tem mais!
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