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9 de jun. de 2010

Coluna: DC em Análise - Gladiador Dourado


A despeito de ser um vilão ou um herói Doctor Doctor é, antes de mais nada, um profissional da área da saúde e como tal conseguiu estabelecer uma vasta rede de contatos com médicos, psiquitaras e psicólogos.
O que será apresentado a seguir é um relatório psicológico realizado pelo Dr. Nicholas Zardo do Asilo Arkham sobre Michal Carter, o herói conhecido publicamente como Gladiador Dourado realizado.
O texto foi publicado originalmente no SOC! TUM! POW! e concedido a Doctor Doctor de livre vontade e com o consentimento do Sr. Carter. Segue:


Embora de comportamento alegre e brincalhão, Michael Carter apresenta aquele tipo de firmeza característica de quem se viu repentinamente perante a necessidade de evoluir ou padecer ante sua estagnação. Ao que parece, evoluiu. Em início da idade adulta está em ótima forma física, o que não ocorre exatamente com sua saúde mental. Tendo sofrido recentemente uma grande perda em sua vida pessoal o Sr. Carter parece estar apresentando grandes dificuldades em elaborar adequadamente o processo de luto.
Antes, porém, de discorrer sobre esta situação cabe esclarecer outros aspectos de seu comportamento que, a profissionais menos informados, podem sugerir a existência um quadro de Transtorno Delirante (F22; segundo a Classificação Internacional de Doenças, 10ª edição – CID 10).

Apesar de sua idade – seguramente dentro da casa dos vinte – Carter afirma ter vindo nascido no século 25 e vindo do futuro. Em conversas afirma tal fato abertamente e defende tal improbabilidade com veemência, de modo que inicialmente é bastante sugestiva a presença de fortes delírios em sua psique. No entanto, acompanhando a carreira “super-heróica” do paciente é possível reunir declarações de outros membros da assim chamada “comunidade super-heróica” – principalmente de respeitados membros da extinta Liga da Justiça Internacional como o Caçador de Marte, Capitão Átomo, Wallace West, o Flash e até mesmo Batman – que confirmam tal história, levando ao chão qualquer hipótese sobre a existência de delírios e, automaticamente, de Transtorno Delirante, constatando assim a conservação do ego em seu aparelho mental.

Porém, ainda assim o Sr. Carter está vivenciando um momento de grande turbulência em sua vida emocional dada a morte brutal de seu melhor amigo, Theodore Kord, presidente da Indústrias Kord e também o segundo Besouro Azul. Após muito negar o falecimento do amigo e de não medir esforços para trazê-lo de volta a vida – o que parece ser algo bastante comum em sua área de atuação – Michael conseguiu o que queria e o Sr. Kord estava vivo mais uma vez (vide anexo A: casos relatados em Lanterna Verde nº 04 a nº 17). No entanto, este fato inexplicável teve um alto custo e, segundo as palavras do próprio cliente, “toda a realidade sofreu com a volta de Kord”.


Devido a um avanço na elaboração de seu luto hoje Carter consegue enxergar os malefícios da ressurreição – se é que o termo pode ser empregado aqui – de Kord. Entretanto, isto não ocorria meses atrás, quando em um clássico e extremo episódio de negação da morte, como sugere a psiquiatra Elizabeth Kübler-Ross em Sobre a Morte e o Morrer (Ed. Martins Fontes, 9ª edição, 2008), acreditou que poderia consertar toda a desordem causada pela volta de seu amigo e ainda assim mantê-lo vivo. Devido a um ego bastante estruturado e saudável Carter conseguiu fazer com que suas fantasias se rendessem a realidade e aceitar que Kord deveria permanecer morto. Sendo assim, em um misterioso conflito – do qual nem eu ou qualquer membro da comunidade super-heróica tenha conhecimento – contra o falecido Maxwell Lord o Besouro Azul morreu mais uma vez.

A partir disto os outros processos de elaboração do luto propostos no modelo de Kübler-Rosscólera, negociação e depressão – resolveram-se muito rapidamente, estando hoje o cliente vivenciando o estágio final do luto, compreendido aqui como aceitação.
Devido a atual situação do Sr. Carter o processo terapêutico encontra-se em vias de conclusão. Porém, em sessão recente ele deu a entender que sua irmã, Michelle Carter, está viva, o que não seria de se estranhar se no início do processo terapêutico, em uma situação ainda bastante confusa e turbulenta, ele não tivesse deixado bastante claro que a mesma havia falecido há alguns meses. Sendo assim, antes de que este processo seja encerrado será necessário a investigação sobre este que parece ser um assunto que Michael esteja omitindo deliberadamente.

É importante ter em mente, no entanto, que nenhuma conclusão precipitada deve ser tirada sobre os relatos do cliente ou sobre sua situação mental, visto que ele parece ser um homem que atualmente vivencia situações das quais vê-se impossibilitado de relatar. Há ainda a seu favor o fato de que por mais absurdas que suas histórias possam parecer – como vir do futuro – na maior parte das vezes elas podem ser confirmadas por seus iguais. Sendo assim, embora o processo de luto pela perda de “Ted” Kord esteja em seu estágio final demanda atenção redobrada o relacionamento que teve (tem?) com sua irmã, o que também dará oportunidade de investigar outra figura-chave de seu desenvolvimento, seu pai.

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