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17 de jun. de 2010

Coluna: DC em Análise - Caçadora


Todos os pupilos de Batman sofrem com os treinamentos do morcego e com o altíssimo grau de exigência feito por ele, mas no final das contas foram selecionados por ele e tem sua permissão para agirem em Gotham City. Porém, com a Caçadora a história é bastante diferente, pois o herói já deixou bastante claro o quanto desaprova seus métodos e que não irá tolerar suas ações na cidade. Ela, por outro lado, esforça-se constante para obter a aprovação de Batman. O que estará por trás desta busca desesperada pela aprovação de Batman enquanto ele se mostra pouco flexível e não disposto a trabalhar com ela?
Veremos na avaliação psicológica da Caçadora feita por Doctor Doctor do SOC! TUM! POW!.



Helena Janice Bertinelli (ou também Helena Rosa Bertinelli) é uma mulher de idade aproximada entre o final da casa dos 20 e início dos 30 anos, que aparenta estar em ótima condição física e que trouxe para sua vida adulta grande parte da violência e do sofrimento vividos por ela em sua infância. Membro de uma poderosa família mafiosa de Gotham City, os Bertinelli, e filha de um dos maiores “chefes do crime” da cidade, aos 8 anos presenciou o assassinato de seus pais e irmãos durante um massacre promovido por outros “participantes do jogo de poder” de Gotham.

Única sobrevivente da chacina Helena foi enviada à Itália para viver com seus tios e primos na Sicília, os quais também foram mortos pela Máfia anos mais tarde. Consciente da dor e tristeza que criminosos são capazes de trazer não demorou para que começasse a sentir um ódio crescente pelo crime. Quando aos 16 anos, em uma festa de outro tio foi testemunha das ações promovidas por Batman contra criminosos da cidade – membros da família Bertinelli – e decidiu tornar-se ela também uma justiceira, assumindo anos mais tarde o codinome de Caçadora.

Como Caçadora por mais que tenha se esforçado para fazer o bem e trazer ordem e justiça a Gotham City, Helena sempre encontrou grande dificuldade em ser aceita por Batman, de modo que a determinação de ambos – dela em continuar como justiceira e dele em fazê-la abandonar a carreira – já se chocou mais de uma vez. Batman diz que ela não é competente o suficiente para atuar na cidade devido ao excesso de violência que usa em suas operações; ela, por sua vez, esforça-se a seu máximo para obter a aceitação do justiceiro sem perceber, contudo, que esta guerra particular entre os dois nada mais é do que o reflexo de sentimentos ambivalentes que nutre em relação a seu próprio pai.
O início da análise e o que ainda parece estar inconsciente para Helena é que o verdadeiro alvo de seu ódio não é o crime em si, mas seu próprio pai por estar ele envolvido e ser facilitador de uma situação que culminou na destruição de tudo que era importante para Helena. No entanto, nutrir e alimentar um sentimento tão forte contra seu pai parece ser mais do que ela é capaz de suportar, de modo que para evitar ao fragmentação de sua psiquê seu aparelho mental encontrou como solução a cisão da imagem paterna em duas: uma que seja dotada de todos os atributos bons que o pai tinha e que eram tão amados por Helena e outra que carregaria tudo aquilo que ela odeia nele e a faz culpá-lo por sua dor.

Neste funcionamento inconsciente a aparição de Batman em sua vida aos 16 anos foi o ponto chave para que este funcionamento esquizo-paranóide encontrasse a força necessária para estabelecer sua hegemonia no funcionamento mental de Helena. Por representar a justiça e proteção aos inocentes o misterioso justiceiro de Gotham foi inconscientemente eleito por ela como o receptáculo perfeito para todos os bons atributos de seu “pai bom” enquanto todo o ódio sentido contra o “pai maldoso” seria descarregado sobre aqueles que representam a pior faceta desse pai: os criminosos.
 



De todos os justiceiros de Gotham City a Caçadora é, de longe, a que mais sofre represálias provenientes de Batman, o que se deve ao fato dela constantemente usar força abusiva contra criminosos e, mais de uma vez, ter chegado bastante perto de assassinar algumas destas pessoas. A desaprovação constante feita por Batman atinge Helena com grande força, pois sendo ele para ela o representante psíquico daquele pai que Helena ama e do qual deseja o amor é necessário que seja aceita por ele. A necessidade da aprovação de Batman (pai) é tamanha que ela já chegou a atuar como Batgirl e agir vestindo um uniforme semelhante ao do justiceiro.
Há porém uma armadilha no modo que o aparelho mental da Srta. Bertinelli optou por funcionar. Ao manter-se violenta ela é capaz de descarregar todo seu ódio contra o pai, mas é também uma forma de fazê-lo orgulhar-se dela por manter o legado criminoso e violento vivos. Por outro lado, ao aliar-se ao Batman, Helena é capaz de buscar o amor de seu “pai bom”, porém representa uma traição ao outro aspecto de seu pai. Afinal, o que acharia um “chefão do crime” se soubesse que sua filha atua como policial e do lado da lei?



Em síntese, Helena está em busca da aceitação do pai, mas ao ter a representação deste cindida em uma boa que possa amar e uma má que possa odiar dificilmente algum ato seu será capaz de agradar a ambas, gerando sempre o contentamento em uma destas imagos e o descontentamento em outra.
Atualmente, tendo encontrado um pouco de aceitação por parte de Batman devido a sua conduta no episódio que ficou conhecido em Gotham como “Terra de Ninguém” ela foi capaz de experimentar um pouco da recompensa que tanto anseia e sentiu-se amada apesar do ódio que carrega dentro de si. Esta aceitação trouxe um pouco de equilíbrio para Helena, o que a levou a unir-se – e também ser aceita – pelo grupo clandestino de justiceiras conhecido como Aves de Rapina.

No entanto, a condição atual de equilíbrio será passageira se a srta. Bertinelli não for capaz de perceber que a manutenção de um modelo no qual exista uma imago boa e uma ruim de seu pai é insustentável e seu ego desestruturar-se-á por completo antes que consiga agradar as duas. Caso não seja capaz de realizar a união destas duas imagens – o que é perfeitamente possível com o auxílio de psicoterapia – não tardará para que Helena ceda a um dos dois lados da balança e se torne uma justiceira fria, implacável e inflexível com o menor dos delitos ou uma criminosa cruel e violenta”.


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