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Correndo pelo malcheiroso, úmido e amarelo pântano, um ser enorme, de viscosidade gigantesca, verde e mongo sai gritando desesperado.
Algum tempo atrás, homens mal arrumados e barbudos, armados até os dentes, correm atrás da besta. São caçadores, policiais, membros da K.K.K e SWAT mexicana, mercenários e varredores de rua em greve, todos revoltados perseguindo o pobre coitado.
Isso leva nosso esverdeado herói a tamanho desespero!!
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O que ele não sabe, é que se passar dos limites pré-estabelecidos do pântano amarelo, seu corpo irá novamente se transmutar, apodrecer e cair...aos poucos. O desespero catabólico é tão grande e intransponível que ele mesmo tendo batido a cabeça em uma gigantesca placa que dizia : “Limite pré-estabelecido de divisa de área do Pântano Amarelo, volte sempre”, mesmo assim, ele passa pela linha imaginária divisória, que corresponde a um profundo gramado ralo e esverdeado, cor gelatina de limão, que desemboca num profundo abismo lamacento, pedregoso e farpado.
Sim, farpado. A companhia de divisões de Tifany do Sul, tentou por anos cercar a área e o resultado foram homens e mais homens que rolaram junto com seus arames farpados e estacas pela ribanceira. (por um lado isso até soa bem. Melhor que sejam homens e mais homens. Resultado disso é que as baladas da cidade de Tifany do Sul e Oráio serem as melhores da região. Muitas mulheres do sexo feminino estão disponíveis e free-style).
Nem preciso mencionar o que aconteceu durante a queda do Mongo pela ribanceira. Bem...não preciso? As escoriações eram só as primeiras de muitas em sua vidinha medíocre, muito lodo, enfincadas, rasgos e cortes depois, próximo ao final da queda de 100m, o mongo parecia um bolo fecal cromado.
Ele cai de cabeça – o que lhe salva a vida, diga-se de passagem – perto ao acostamento de uma simples estrada de terra batida, meio abandonada.
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Sim, pequenino leitor, existem estradas assim nos estados confederados também!! Tentando se recuperar da ânsia de gômito por rolar todo o percurso, fixou o olhar semi-estrábico na estrada e de longe avistou um ponto branco e esfumaçado. Lembrou que não era a luz no fim do túnel, por que era meio-dia com sol a pino e ali se tratava de uma estrada e afinal não de um túnel. O tal ponto branco, ao se aproximar um pouco mais, foi se revelando. Era um Dodge 77 vindo a inimaginável velocidade burlesca de 52,5 km/h.
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O Mongo arrastou-se até o meio da estrada e ao avistarem o ser agora-não-tão-verde, pensaram se tratar daquelas novas lombadas transitórias auto-transportáveis que o pessoal da secretaria de trânsito estava testando em estradas de terra abandonadas. Frearam assim que perceberam...que haviam passado por cima de algo que não eram as tais lombadas.
“Lombadas não agonizam tanto” – pensaram.
Os três ocupantes do...hân...automóvel, desceram com a preocupação estampada em seus rostos e foram prestar os mais prestativos cuidados.
Depois que analisaram, pesquisaram, observaram e constataram que nada havia acontecido com o carro, foram até a criatura agonizante e começaram a chutar sua cabeça.
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-“Potaqueuparéu, maluco...quer se matar?” – gritou o primeiro.
-“Caray, e o pior...quer matar nóis junto?” – grunhiu o segundo
-“Aahgh, Ugh, aarrff...” – berrou o terceiro que acabara de conseguir acertar todos os chutes nas partes farpadas do corpo do Mongo.
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Passando o desespero momentâneo os três perceberam que uma chuva de chumbo se dirigia na direção deles. Eram os tiros disparados colina acima pelos caçadores de criaturas do pântano amarelo. Conseguiram arrastar o meio desmaiado mongo até o carro e se perguntaram por que faziam isso.
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-“O cara só pode estar indo na mesma direção que a nossa. Dá uma olhada nele!” – explicou o primeiro.
-“Só! Ele só pode sê Punk quenem nóis! Lá em cima estão os meganha querendo atrasar o truta” – enfatizou o segundo.
-“Aahgh, põe a...ufff...porra desssa, ihh, criatura grotesca logo no...carro, que eu, ERK, to ficando com as mãos todas...Aaah, fudidas!” – agonizou o terceiro que acabara de conseguir segurar por todas as partes farpadas da criatura.
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Em direção de Pocoró do Norte, onde iam anteriormente mesmo, para a apresentação da banda de punk grotesco dos Repliminescentes, os três novos amigos da criatura não haviam ainda notado sua aparência esquisita e não perceberam que se tratava de um Mongo do Pântano Amarelo!!!! E ainda lhe deram uma carona!!!
Longe de seus implacáveis perseguidores o mongo conseguiu relaxar e finalmente descansar, quando de repente, sob o efeito de entorpecentes ilegais, amaconhados nas pequenas cabeças puberdadolentas dos três adolescentes, surgiu uma grande discussão sobre toda forma de baratear a industrialização de papéis de panfletagem com intuito de anarquizar o plebiscito recém-instaurado que tratava do desenvolvimento da pesquisa em camundongos para esflorecer cada partidário da ala oposta de maneira que ele como a si mesmo, instintivamente indorexie precariamente as reservas nulas, inócuas e insíquicas de prostar o mais veemente não em todas as cédulas.
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Como se isso fosse difícil de entender, raciocinar e elaborar uma opinião sobre o assunto, o cérebro do mongo começou a formigar como se um bilhão de mililitros de sangue parasse de pulsar pelo membro encefálico de seu crânio. Suando de frio, fome ou medo e nervoso por não estar mais tão relaxado e tranqüilo, começou a sorver via oral, a massa encefálica neutra do terceiro rapaz.
Mas sua fome não passava...
No final da tarde, seus companheiros o deixaram perto da cidade, no distrito de Ubervaldolândia, estranharam que o terceiro não foi nada amistoso ou apenas um pouco caloroso, que seja, quando lhe desejaram boa estadia e uma vida nutritiva, mas logo isso não lhes importava mais, pois sempre acharam que o terceiro não passava mesmo de um grande mal-educado.
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Cambaleando pelas ruas estreitas de Ubervaldolândia, sem forças, com muita fome e vomitando muito por ter ingerido aquela porcaria tóxica toda, a criatura se arrastou até um beco, e foi consumido por uma dor terrível que lhe invadiu o corpo desconexo e birruguento e então, como só uma minhoca pode explicar, contorceu-se pelo chão. E então, por três longos dias úteis a contar do depósito (isso em Pangarélândia é tempo pacas!!!), ele permaneceu lá parado, estático e imóvel como um dejeto desfalecido.
Seus olhos se abrem lentamente e suas pupilas dilatadas percorrem todos os cantos do globo ocular. Percebendo que aqueles movimentos eram por demais lentos para serem considerados um REM, o Mongo finalmente se levanta e de sua grande e mal cheirosa boca escorre palavras que o próprio tempo havia esquecido, ou fez questão de não lembrar.Palavras místicas e finas como as asas de um lepidóptero.
-“Uããããhgh...” – diz o mongo.
Com esse palavreado arcaico túlico, ele chama a atenção de uns ligeras malucões que ali prostravam suas homenagens ao Rei Tronço do Grande Trono de Porcelana.
Um deles que tem como estilo de vida e palavra de ordem a celebre frase “Chuta que é Macumba” ataca nosso outrora pequenino débil, e lhe acerta um fatídico bicuda na boca do estômago.
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O ligera apenas constata, tarde demais, que aquilo só serviu para lhe mostrar que com coisas tão antigas e encruzilhadas não se brinca nem por brincadeira. O corpo decrépito e sujo é sugado e consumido em segundos pelo Mongo, como quase tudo que ousou barra-lo. O cheiro de fungo e queijo gorgonzola que tomou o ar foi suficiente para adormecer os outros que ali se encontravam. De posse de algumas peças de roupas desses seres de rua, o mongo atravessa a rua até chegar numa mercearia-bar.
Todos se assustam com sua forma bestial e sem demais delongas em se preocupar com boas maneiras cívicas, o Mongo do Pântano Amarelo enfia sua mão nojenta num pote de salsichas em conserva (daquelas que ficam meses boiando no pote) mistura-as ciclicamente e retirando novamente sua mão (agora molhada e pingante) do pote, leva dois dedos a boca e chupa o caldinho. Vendo aquela cena horrível, todos ali presentes sentem uma enorme vontade de voltar pra casa e nunca mais na vida por uma gota de álcool na boca.
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Eis que adentra pela porta de entrada um homem, ele olha fixamente para o mongo, que se vira ao notar sua presença. Os dois se olham por um longo tempo até que um deles...pisca!
-“Ah! Perdi de novo!” – diz o homem – “Toda vez é a mesma coisa! Maldito olho seco! Não posso brincar de quem pisca primeiro que...peraí. Eu te conheço!”
-“Você é o ser bestial que nasceu naquele dia triste e chuvoso de Setembro, certo?” – continuou o afobado homem – “Venha! Você deve estar com fome. Vamos no MécDonnis”.
Então o mongo começou a ficar nervoso novamente, por que ainda estava assimilando o gosto da água de salsicha. Seu cérebro começou a formigar como se um bilhão de mililitros de sangue parasse de pulsar pelo membro encefálico de seu crânio. Suando de frio, fome ou medo e possesso por não estar mais tão relaxado e tranqüilo, o mongo joga sua pesada mão na cara do homenzinho que vai parar do outro lado da mercearia-bar enquanto, como um peido, ele deixa o recinto. Para ser surpreendido por uma voz muito familiar aos berros.
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Pela porta de entrada da mercearia-bar o homenzinho grita:
-“Asdrúbal, Asdrúbal! As-dru-boooool!”.
Então ele balbucia:
-“M-m-m-mm-mesdre?”
-“Asdrúbal, seu lazarento! É você?”
Era aquele pequeno e pacato monge botânico que resolveu fugir em busca da verdadeira maionese.
-“Oh, meu pequeno percevejo!Cê tá ótêmo!!!”
Os dois se abraçam e rodopiam durante 5 incontáveis minutos. Enjoado não só pelo giro mas pelo cheiro de salsicha, o mestre pronuncia:
-“Tenho boas notícias...as brouxeilas voltaram a florescer!!!”
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Notava-se que o esforço para os músculos do rosto de Mongo transformarem-se em um sorriso, eram titânicos, mas enfim ele sorriu! E o mestre Calau-aka Lama continuou:
-“Não é só isso. Descobri uma fórmula, através de um antigo tratado registrado pelo Dr. Irwin Blausk, que a partir do THC do caule da brouxeila mergulhado em água de salsicha em conserva, gera um processo encíclico de maturação que dilata os vasos sanguíneos estuporando pelos poros da pele todas as propriedades anatólitas presentes em 40% do ácido ribonucléico do centro pinoflácido da medula, fazendo com que tudo se inverta, entendeu?”
E o mongo, orgulhoso de não ter entendido nada diz:
-“Só, mesdre!”.
Ambos retornam para Gladisglot, na velha Iuguslávia, onde se localiza a residência-laboratório de Irwin. Preparando-se para beber a poção, o Mongo é surpreendido por saraivadas de chumbo grosso! Eram os caçadores! Todos eles!
Dr. Irwin escapa graças ao aparelho de fótons-conversores de tele transporte iônico via teleférica única (grande invenção para escapar de cobradores!), mas o monge infelizmente não tem a mesma sorte...depois de ter 427 buracos espalhados pelo corpo em conseqüência dos tiros, cai agonizante no piso frio da residência-laboratório. Como se um trilhão de formigas anãs de Northerdale subissem seu corpo, o mongo se transmuta e começa a cuspir placenta pegajosa pelos poros de sua decomposta pele.
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Os caçadores não são mais problema...pelo menos não para o mongo, que ouve seu mestre balbuciando algo em Esperanto Filipino. Desesperado, ele o coloca num casulo metálico fosco que trepida pausadamente e depois começa a tremer, produzir luzes e muito barulho. Tremores e muita fumaça depois, uma ruidosa voz ecoa pelos tubos do casulo.
Era o mestre novamente. Vivo! Só que...diferente?!?
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De alguma forma inexplicável ele virou um pterodátilo citozóico virgem de neander e tal.
Diga-se de passagem, um pterodátilo muito ranzinza! Depois de tomar esporro de seu mestre pela cagada homérica, Asdrúbal, o mongo, pegou o rumo de casa e se conformou em ser um mongo até que a formula de restauração seja novamente refeita.
O problema é que por conta do episódio ocorrido na mercearia-bar, nunca mais foram vendidas salsichas em conserva. O novo karma do monge voador agora, é buscar a salsicha da salvação, que alguns ornitólogos afirmam estar em poder de monges beneditinos da Igreja Tresbesteriana do Sétimo Digito em Mondoscóvia, Escandinávia.
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Enquanto isso não é resolvido, Asdrúbal-Mongo continua vendendo suas brouxeilas verdinhas, nas tardes de sábado, esperando que elas não enferrujem novamente e que o primeiro-ministro Glasmiscoviscovsk não descubra que ainda existe um pterodátilo virgem a solta. Pesquisas confirmam que seu suor é poderoso no combate as estrias extensoras, celulites amórficas e estalagmites púbicas da virilha direita.
Até quando ele ficará livre? Free to fly?
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O End
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(Isso é um relato verdadeiro, qualquer semelhança é mera alucinação.)
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