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10 de jun. de 2013

Depois da Terra: A complicada relação pai e filho,só que não!


Literalmente um presente de pai para filho, Depois da Terra, filme produzido por Will Smith, mostra de forma descarada que o astro já anda preparando o terreno para que seu filho, Jaden Smith, também tenha uma carreira em Hollywood e provavelmente assuma o papel em filmes de ação. A ficção científica, que está na mira de críticas que acusam que o filme é uma ode as ideias da Cientologia, chegou aos cinemas neste mês com direção do controverso diretor M. Night Shyamalan... E quem disse que juntar tudo isso seria uma boa ideia?



Aviso: Contém spoilers!!! Leia por sua conta e risco!





Ambientado num futuro distante, o filme mostra uma comunidade de humanos que sobrevivem em um novo planeta, chamado Nova Prime, mil anos depois que a Terra sofreu o êxodo de uma pequena parte de sua população, que partiram deixando para trás um planeta que foi severamente castigado e degradado por eles mesmos e estava, então, sofrendo uma série de grandes cataclismas, forçando a humanidade a procurar outra forma de viver.

Baseado numa história originalmente idealizada por Will Smith, o longa mais parece algo que funcionaria muito bem, só que num game, pois fica muito dependente de acertos quando se trata de colocar a trama num longa metragem. Mas isso são pontos que serão discutidos logo após uma breve sinopse.


O jovem Kitai (Jaden Smith) é um cadete que se esforça ao máximo para se tornar um Ranger, uma espécie de patrulheiros, guerreiros que defendem esse novo planeta de uma terrível espécie geneticamente criada por alienígenas para matar os humanos, as Ursas. Não se sabe quais alienígenas são esses, mas provavelmente é a espécie que habitava Nova Prime antes dos humanos, ou seja, nesse caso, então os alienígenas seriamos nós, não é mesmo? =)

Mas enfim, as Ursas são monstrengos cegos que captam os seres humanos pelos seus feromônios de medo, e então, fazem o que qualquer monstrengo de responsa faria com sua caça, empalam suas vitimas para poder espalhar mais medo e capturar assim, mais humanos. Em meio a isso, existem os “Fantasmas” (Ghosts), guerreiros que aprenderam a dominar o medo, tornando-se assim invisível para as Ursas.



E é isso que Kitai procura se esforçando-se tanto nos treinamentos para se tornar um dos Rangers, chegar ao nível de seu pai, o general Cypher Raige (Will Smith), um dos Fantasmas. Porém, sua própria ansiedade está atrapalhando. 



Mesmo não conseguindo passar nas provas finais para subir do posto de cadete para Ranger, o pai durão tem uma brilhante ideia e resolve levar o aborrecido filho para uma viagem de trabalho, uma inspeção de rotina num outro planeta. Apesar de toda tecnologia adquirida onde é possível viajar através de dobras espaciais em buracos de minhoca, a armada é pega de surpresa por uma tempestade de asteroides, que provoca uma avaria grave causando sua queda na Terra. O planeta que agora está com a natureza toda bagunçada, onde espécimes como hienas, babuínos e águias gigantes, sanguessugas, leões modificados e porcos do mato vivem no mesmo ambiente, uma vasta floresta que sofre picos bruscos de temperatura e onde todas essas espécimes de animais são predadores em potencial dos humanos.

Os únicos sobreviventes desse desastre, lógico, são pai e filho. Cypher fratura as duas pernas e Kitai é obrigado a buscar ajuda, numa jornada arriscada de 100 quilômetros de distância entre a ponta da nave até sua cauda, onde brilhantemente e estrategicamente contém um sinalizador para ajudá-los. Ah! Ainda tem o fato de que a nave estava transportando uma "ursa" aprisionada, que iria servir para treinamento de tropas, nesse planeta que ia sofrer apenas uma verificação de rotina... E Kitai tem que derrotá-la no final.
Sim, amiguinhos, o chefão do jogo! Quem joga videogame já teve estar cansado de plots assim e vai reconhecer de cara que seria um jogo até simpático e bom, mas como filme, definitivamente não funciona!


A ideia de colocar todo o peso do filme nas costas de seu filho, Will Smith, acaba afundando ainda mais o filme, que careceu de boa direção, roteiro coeso e do inegável carisma que um bom ator deve imprimir num filme deste tipo com sua presença. Assim com foi em "Eu sou a Lenda" (2007), onde ele levou a maior parte do filme só entre ele e um cachorro, Will deveria ter tentado outra maneira de colocar o filho no esquema, mas não assim, forçadamente. Um moleque que sinceramente está longe de ser o que o pai é. Aí, somos obrigados a encarar uma atuação pífia de ambos, com um Will dopado e servindo de “voz de consciência” para seu filho.


Acho que M. Night Shyamalan, o diretor do filme, deveria prestar mais atenção aos projetos que pega daqui pra frente. Ultimamente vem somando mais e mais fracassos cinematográficos, e os dois filmes estupendos que fez no começo da carreira (Sexto Sentido e Corpo Fechado) já não conseguem salvar sua pele de filmes que merecem encabeçar a famosa premiação “Framboesa de Ouro”. Percebi que o filme teve sequências que assustaram algumas pessoas no cinema, a maioria mulheres, principalmente quando envolvia animais, mas foi engraçado observar que a maioria saiu calada da sala de cinema denotando que foi consenso geral que o filme foi fraco.



A ficção científica "Depois da Terra" não acrescenta em nada na categoria, é piegas em certas partes, tem roteiro previsível e só faltou a bandeira dos EUA tremulando em alguma parte do filme. A temática de relacionamento entre pai e filho e a superação de dificuldades pessoais não rendeu o que poderia. Faltou ousadia.


E se ousadia pra vocês é a inserção de elementos à trama de coisas relacionadas a Cientologia e o livro da “Dianética”, a Bíblia sagrada dessa religião, que mistura FC e autoajuda (mesmo que isso pareça teoria da conspiração), tudo bem. Continua num direcionamento fraco de roteiro. Nem o cenário da nave salva como novidade. Um amontoado de peças de plástico, estruturas de bambu, panos acolchoados e espumas fazem parecer que o filme sofreu severos cortes orçamentários. Pra mim ficou tão tosco quanto um filme dos Trapalhões da década de 80. E o barulho dos cintos de segurança de pano são vergonha alheia demais.



Eu ainda acho que daria pra fazer, se melhor trabalhado o roteiro, um game bem legal de aventura/ação. Fora isso, esqueça esse filme. Espere ele passar na TV, não vale o ingresso.

E olha que eu fui porque era do Will Smith e achava que ele não tinha feito nenhum filme ruim, mas aí me lembrei de Hancock na entrada da sala. \O/ Parabéns, campeão!





Nota: 03

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