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11 de jun. de 2010

Profissão: super-herói na calçada da fama


Autor: Mauricio Stycer
 
Eles não cobram por fotos ao lado dos turistas, mas aceitam gorjetas. Se cobrassem, seriam presos pelos policiais que acompanham seus passos e, às vezes, se disfarçam de turistas para testá-los. São mais de 70 pessoas que ganham a vida em Hollywood Boulevard, Los Angeles, encarnando personagens famosos do cinema e da televisão, em frente ao Teatro Chinês, na chamada “calçada da fama”.
Matt Ogens resolveu contar a vida de quatro deles, Super-Homem, Batman, Hulk e Mulher-Maravilha. O resultado é o curioso documentário “Confissões de Super-heróis”.

Engana-se quem for ao cinema em busca de uma crítica à Hollywood e à indústria que alimenta fama e celebridades. “Confissões de Super-heróis” não alimenta tantas ambições e se contenta em contar quatro histórias bizarras.
Ogens tem carinho por seus personagens e deixa o espectador entender a loucura e a miséria de cada um deles sem forçar muito a mão.


Christopher Lloyd Dennis (aquele da foto que também abre esse post), o Super-Homem, se diz filho da atriz Sandy Dennis (1937-1992), ganhadora do Oscar por “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, mas os parentes da atriz desconfiam que seja mentira.


Maxwell Allen, o Batman, afirma ter matado várias pessoas no passado, mas nem sua esposa acredita.

Jennifer Gerht, a Mulher-Maravilha, foi líder de torcida no colégio, na infância passada numa cidadezinha de 2.500 habitantes, e sonha ser atriz, mas lhe falta o talento básico para a tarefa.
E Joe McQueen, o Hulk negro, viveu quatro anos como sem-teto em Los Angeles, acha que nunca conseguirá um bom papel por causa de seus dentes tortos, mas, graças a seu tipo físico, já conseguiu duas pontas em filmes de ação e terror.


É verdade que Matt Ogens está longe de ser um Eduardo Coutinho, mas há algo de “Edifício Master” em algumas cenas de “Confissões de Super-heróis”, sobretudo aquelas filmadas em ambientes fechados, em que os personagens estão dentro de casa e encaram a câmara para falar das próprias trajetórias. Ao ver o Super-Homem sentado no sofá falando de sua mãe é inevitável lembrar de um incrível personagem de Coutinho – o aposentado que canta “My Way” para o cineasta dentro da sua quitinete em Copacabana. Para quem gosta do gênero, e encara um baixo astral desses numa boa, é um filme que vale a pena.

“Confissões de Super-heróis”

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